não sejamos demasiadamente fúteis nem medrosos; enquanto houver lucidez, é possível olhar em torno e dentro de nós. um intervalo que seja entre a correria do cotidiano, os compromissos, o shopping, a tv, o computador, a droga, o desafeto, o rancor, a hesitação e a resignação. refletir é transgredir a ordem do superficial. mas se eu estivesse agachada num canto tapando a cara, não escutaria o rumor do vento nas árvores do mundo – que eu sempre quis tanto entender mesmo por um só dia. nem saberei se o prato das inevitáveis perdas pesou mais do que o dos possíveis ganhos. somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual: o poderoso ciclo da existência. nele todos os desastres e toda a beleza tem significado como fases de um processo.
falo da passagem do tempo, que aparentemente tudo leva e tudo devolve como as marés, mas que só nos afoga na medida que permitimos. falo do tempo que faz nascer e brotar, porem é visto como ameaça e sofrimento – o tempo que precisa ser domesticado para não nos aniquilar.
falo da passagem do tempo, que aparentemente tudo leva e tudo devolve como as marés, mas que só nos afoga na medida que permitimos. falo do tempo que faz nascer e brotar, porem é visto como ameaça e sofrimento – o tempo que precisa ser domesticado para não nos aniquilar.
precisamos encontrar o tom. pode ser um tom que nem é nosso, mas falso, imitado. um tom desafinado porque é superficial, ou harmonioso porque brota da alma. talvez a gente não encontre nunca. mas algumas pessoas não conseguem seguir seu ritmo porque nem escutam nem compreendem seu tom. outras o descobrem e acompanham seus movimentos: alegre, sereno, apaixonado, trágico, tedioso. não acompanham o fantasma das ilusões, mas sua amante – a vida. escutar o tom é mais fácil aos 40 anos do que aos 20 e aos 60, mais ainda. imagino que aos 80, tenhamos suficiente silêncio e espaço interior para que ele baixe, se instale, e cante.
“o mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade. sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem”
viver, como talvez morrer, é recriar-se a cada momento. arte e artifício, exercício e invenção no espelho posto à nossa frente ao nascermos. algumas visões serão miragens: ilhas de algas flutuantes nos farão afundar. outras pendem em galhos altos demais para nossa tímida esperança. outras ainda rebrilham, mas a gente não percebe – ou não acredita.
a vida não esta ai para ser apenas suportada e vivida, mas elaborada. eventualmente reprogramada. conscientemente executada. não é preciso realizar nada de muito espetacular.
mas que o mínimo seja o máximo que a gente conseguiu fazer consigo mesmo.
“o mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade. sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem”
viver, como talvez morrer, é recriar-se a cada momento. arte e artifício, exercício e invenção no espelho posto à nossa frente ao nascermos. algumas visões serão miragens: ilhas de algas flutuantes nos farão afundar. outras pendem em galhos altos demais para nossa tímida esperança. outras ainda rebrilham, mas a gente não percebe – ou não acredita.
a vida não esta ai para ser apenas suportada e vivida, mas elaborada. eventualmente reprogramada. conscientemente executada. não é preciso realizar nada de muito espetacular.
mas que o mínimo seja o máximo que a gente conseguiu fazer consigo mesmo.