quarta-feira, 31 de outubro de 2007

lya luft;

não sejamos demasiadamente fúteis nem medrosos; enquanto houver lucidez, é possível olhar em torno e dentro de nós. um intervalo que seja entre a correria do cotidiano, os compromissos, o shopping, a tv, o computador, a droga, o desafeto, o rancor, a hesitação e a resignação. refletir é transgredir a ordem do superficial. mas se eu estivesse agachada num canto tapando a cara, não escutaria o rumor do vento nas árvores do mundo – que eu sempre quis tanto entender mesmo por um só dia. nem saberei se o prato das inevitáveis perdas pesou mais do que o dos possíveis ganhos. somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual: o poderoso ciclo da existência. nele todos os desastres e toda a beleza tem significado como fases de um processo.
falo da passagem do tempo, que aparentemente tudo leva e tudo devolve como as marés, mas que só nos afoga na medida que permitimos. falo do tempo que faz nascer e brotar, porem é visto como ameaça e sofrimento – o tempo que precisa ser domesticado para não nos aniquilar.
precisamos encontrar o tom. pode ser um tom que nem é nosso, mas falso, imitado. um tom desafinado porque é superficial, ou harmonioso porque brota da alma. talvez a gente não encontre nunca. mas algumas pessoas não conseguem seguir seu ritmo porque nem escutam nem compreendem seu tom. outras o descobrem e acompanham seus movimentos: alegre, sereno, apaixonado, trágico, tedioso. não acompanham o fantasma das ilusões, mas sua amante – a vida. escutar o tom é mais fácil aos 40 anos do que aos 20 e aos 60, mais ainda. imagino que aos 80, tenhamos suficiente silêncio e espaço interior para que ele baixe, se instale, e cante.
“o mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade. sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem”
viver, como talvez morrer, é recriar-se a cada momento. arte e artifício, exercício e invenção no espelho posto à nossa frente ao nascermos. algumas visões serão miragens: ilhas de algas flutuantes nos farão afundar. outras pendem em galhos altos demais para nossa tímida esperança. outras ainda rebrilham, mas a gente não percebe – ou não acredita.
a vida não esta ai para ser apenas suportada e vivida, mas elaborada. eventualmente reprogramada. conscientemente executada. não é preciso realizar nada de muito espetacular.
mas que o mínimo seja o máximo que a gente conseguiu fazer consigo mesmo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

pág. 306

bad things did not stick to her. correction: her bad things did not stick to her. our bad things stuck very much to her. if we were hurt, unhappy or otherwise victimized by life, she seemed to know about it, and to care, as soon as we did. but bad things falling on her - unkind words, nasty stares, foot blisters - she seemed unware. i never saw her look in a mirror, never hear her complain. all of her feelings, all of her attentions flowed outward. she had no ego! at the same time, she was entertaining. but, we held back. because she was different. different. we had no one to measure her against. she was unknown territory, unsafe. we were afraid to get too close. also, i think we were all waiting to see her next smile... she had caught-in-headlights eyes, that gave to her a look of perpetual astonishment, so that we found ourselves turning and looking back over our shoulders. wondering what whe were missing. she laughed when there was no joke, she danced when there was no music. she had no friends, yet she was the friendliest person in the whole school. she was elusive, she was today, she was tomorrow. the faintest scent of a cactus flower, the flitting shadow of an elf owl. we did not know what to make of her. in our heads, we tried to pin her to a crockboard like a butterfly, but the pin went trough and away she flew [...].