quinta-feira, 17 de julho de 2008

out of the red, out of her head

sabe, eu tive uma fase que chorava quando via aquelas reprises escrotas do shows acústicos no multishow. e eu ja tinha até pensado que ela tinha passado, porque eu tinha visto do oasis, tinha cantado Shakermaker junto - e comendo wafer - e nem uma gotinha de lágrima me escorreu. insensível, né? mas, eis que lá estava eu, sentada na cadeira de rodinha do meu quarto, sem absolutamente nada passando na cabeça (nem na tv) quando eu começo a assistir o show do foo fighters. foo fighters meucu na verdade, era só o dave grohl e o baterista - acústico, óbvio. dai ele tocou umas músicas que eu não me recordava, contou umas piadinhas sobre tapetes e pessoas da platéia e no final, depois dos comerciais, tocou EVERLONG. e no violão. bom, o iniciozinho que é nãnãnãnãnã constante sabe, eu senti tudo virar inércia ao redor de mim. tudo ótimo lindo perfeito música linda meu deus até o refrão. "and iiiiiiiiiii wonderrrrrrrrrr..." foi nesse momento que eu pensei que tivesse uma corda daquelas de que seguram elevadores ou até uma viga de metal, me amarrando, bem lá dentro. "... not to stop when i say when" com as vozes no fundo e um violino matador, eu chorei cara, chorei com everlong, chorei sentada na cadeira de rodinha do meu quarto, chorei porque nunca mais tinha me permitido chorar daquele jeito e por aquele tipo de motivo. chorei como quem solta o nó. e chorei, principalmente, porque essa é o tipo de música que eu ouço um dia na mtv lab antes de ir pra escola e fico escrevendo a letra em todas as superfícies lisas ao longo do dia. é o tipo de música que se baixa numa manhã e se ouve no repeat até a manhã seguinte, sem parar, sem cansar, e sempre prestando atenção e tentando absorver toda aquela coisa complicada que uma voz e três cordas de violão são. chorei sim, chorei com a cara enterrada nas mãos, meio desesperada e me sentindo idiota. acho que tinha tanto estoque de lágrima dentro de mim que se eu não chorasse naquele exato momento do "hello, i've waited here for you... everlong...", meu organismo ia me forçar a chorar com my heart will go on. hm, é. sem falar que eu sinceramente não sei se é a dosagem hormonal, se é fase da lua, se é inferno astral, macumba gato preto maldição praga de deus pagamento de pecado ou o caralho, mas eu ando - sim, acreditem - sensível. não sei se eu fiquei menos casca-grossa ou mais sensível, mas é fato que eu jamais choraria com everlong e ainda por cima ficaria impressionada com a boca aberta na frente da tv tentando pegar ela só pra mim através de osmose. fato, fato, fato. bulletproof, quase. mas é que o "breathe out, so i can breathe you in" me arrepia até a raiz do cabelo. e multishow, mais showzinhos melosos, please, que eu adorei sentir essa sensação de novo depois de tanto tempo... choro derramado por música vale a pena!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

FORGETFULNESS, by billy collins

the name of the author is the first to go, followed obediently by the title, the plot, the heartbreaking conclusion, the entire novel. which suddenly, becomes one you have never read, never even heard of. as if, one by one, the memories you used to harbor decided to retire to the southern hemisphere of the brain, to a little fishing village where there are no phones. long ago, you kissed the names of the nine Muses goodbye, and watched the quadratic equation pack its bag, and even now as you memorize the order of the planets, something else is slipping away; a state flower perhaps, the address of an uncle, the capital of Paraguay. whatever it is you are struggling to remember, it is not poised on the tip of your tongue, not even lurking in some obscure corner of your spleen. it has floated away down a dark mythological river whose name begins with an L as far as you can recall. well on your own way to oblivion where you will join those who have even forgotten how to swim and how to ride a bicycle! no wonder you rise in the middle of the night to look up the date of a famous battle in a book about wars. no wonder the moon in the window seems to have drifted out of a love poem that you used to know by heart.
(na foto, alguns dias que meu pai e minha mãe provavelmente já esqueceram.)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

caio disse

"... tipo um vento vindo do mar, um mar anterior, um mar quase infinito onde nenhuma gota é passado, nenhuma gota é futuro, tudo presente imóvel e em ação contínua."
foto: vendo o sol nascer em itaparica e as nuvens indo pra angola