segunda-feira, 27 de abril de 2009

I cant be jaded yet cause I'm only 16

Ali, espremido entre o dia 26 e o dia 28, fica o dia 27.
Fatídico dia em que, a uns bons anos atrás, eu nascia. É certo que o mês não deveria ser abril, sim maio, mas eu tinha muita, muita pressa pra vir logo viver nesse mundo.
Daí foi só ladeira abaixo. Aprendi aquelas coisas que se aprende quando se é criança, submisso e inocente, e também as coisas que se aprende na marra, lambendo asfalto, ralando joelho, sujando o cabelo de vômito, chorando de madrugada, mergulhando com tubarões, rolando em montanhas de neve, zerando prova de matemática, tendo taquicardias em quedas livres, torrando sob o céu eternamente colorido de Salvador, grudando chiclé na cruz e jogando pedra em santo de barro.
Sou inquieta por dentro. Desde a barriga da minha mãe. Planejo viver tão intensamente os próximos 16, 26, 36, 46 anos, o que for. Tenho mania de dizer pras pessoas que eu realmente gosto delas, de abraçar os amigos, de chorar com os filmes de guerra e com os livros de culinária, de passar a mão na cabeça dos meninos de rua, de sorrir pros estranhos, de querer fazer todas as coisas perigosas do mundo, de defender minhas leis de humanidade e de respeito, de querer entender a política a sociedade e a religião como se decifrasse um quebra cabeças da revista da Mônica, de amar todos os tipos de arte, de ver na dança clássica uma veia minha que se perdeu do coração. Mania de contar os segundos e querer gritar pro mundo que eu sobrevivi a tantos deles.
Mas eu sou humana, às vezes malvada, quase sempre um pouquinho manipuladora e, odeio aniversários.
Hoje nesse dia enfiado com resignação entre o 26 e o 28, eu comemoro com mais resignação ainda o meu aniversário. Emburrada atrás da mesa da sala de jantar finamente decorada com a louça italiana das ocasiões especiais, emburrada atrás da classe da escola durante o parabéns coletivo, emburrada atrás dos abraços, emburrada sempre. Não importa. Não sou Peter Pan, e a cada tique e a cada taque e cada dia e cada suspiro, eu fico, inevitavelmente e irreversivelmente, mais velha.
Eu aceito de bom grado que os dezesseis primeiros anos de uma vida não são os definitivos, não são pontos finais, não são trágicos, não são nada. Só são lindos.
Nós, adolescentes, somos irracionais, libidinosos, petulantes, cheio de dúvidas e ao mesmo tempo achando que sabemos tudo... vivemos nos equilibrando sobre a tênue linha da certeza de que passa e da vontade de que dure para sempre. Nossos anos são cheios de uma leveza que não pede nada em troca... só a nossa juventude. Enquanto jovens, não sabemos; e quando velhos, não podemos.
É foda. E é a vida.
Hoje me dou a licença pra ser bem egoísta e tenho a permissão pra mandar no mundo. Ponho Deus no viva voz e peço de todo o coração pra que me dê segurança para ter passos firmes, e pureza para que eles sejam leves; remos fortes para mudar a direção das minhas correntezas, e força para enfrentar a mim e ao mundo...
Peço fé, que é uma palavra linda, e peço uma mente sã pra não mais me esconder do medo. Um santo daqueles bem arretados pra que nenhum vento e nenhuma pancada me tire da minha órbita. Peço que Deus me dê uma gota - ou todas as gotas do mundo - da alegria das crianças, que eu sei, a cada aniversário, é cada vez mais e mais tirada de nós. Por fim, peço a taça sempre cheia, a família sempre saudável, e o sol sempre brilhando. Peço alguém para passar o inverno, uns ramos de alecrim, algumas rosas, açúcar, luz, e que assim seja.
Sempre.
(SWEETIE, BE HAPPY!)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sed líbera nos a malo. Amen.